Voltando as letras!

Eu queria ser mais liberta de tudo isso que sinto. Ser mais independente dos males do mundo, ser mais confiante em mim. Queria não esperar tanto das mãos, dedos e anéis que me cercam. Amar sem esperar as mesmas flores em troca e nem que me jurem amor eterno. Queria conseguir ajudar mais as pessoas com menos lágrimas e não veter essas mesmas lágrimas alimentando um forte sentimento de culpa pelos fracassos do caminho. Queria ter asas! Queria voar! Conseguir arrastar meu corpo pelos ares e procurar abrigo em outros ninhos. Queria encontrar alento em algum ninho. Mas eu tenho pés e as asas ausentes doem-me como que quebradas. Tenho um longo caminho de destino incerto e um sentimento profundo e inexplicável no peito. Tenho muitos dedos quebrados e anéis partidos que, mesmo sem saber ao certo como, tento conserta-los. Tenho amores, dores, sabores, bolores e flores num vaso da mesa de centro da sala. Tenho uma vontade imensa de querer o que não tenho e assim esquecer o que já se espalha dentro de mim. E acima de tudo eu ainda tenho sonhos, que correm mais quentes que o meu sangue nas minhas veias e alimentam uma esperança vã: de quem sabe as asas brotarem e levarem pra longe tudo aquilo que eu sinto e cultivo no meu jardim.